A maior fonte da conhecida vitamina D é o sol. Diante das descobertas sobre as multifunções que ela exerce no organismo, a suplementação é feita por meio de gotas. Especialistas divergem sobre indicações a pacientes.
A maioria das pessoas possui, na pele, um precursor da vitamina D. A substância adquire forma ativa quando em contato com raios ultravioletas. Por muito tempo, ela foi vista “apenas” como vitamina essencial aos ossos, por ser responsável pela absorção de cálcio no corpo. Mas, segundo especialistas, o fato de todas as células do organismo apresentarem receptores à vitamina D a faz comandar mais de 200 funções metabólicas e imunológicas. Essa “popularidade” orgânica é seu grande diferencial. “É uma substância ímpar. Essa é a molécula do século. Não creio que exista algo tão importante para a saúde humana do que essa substância. O que caracteriza uma tragédia para a saúde pública o fato de termos um grupo tão grande de pessoas com deficiência em vitamina D”, afirma o neurologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Cícero Coimbra. Referência nacional e na América Latina para tratamento de doenças autoimunes, ele usa superdosagens de vitamina D para ver os sintomas de seus pacientes regredirem. Apenas 10% de vitamina D podem ser encontrados em alimentos, o restante vem todo da exposição solar. Mas então pode-se supor: no Ceará, não é possível que haja carência dessa vitamina, afinal, temos sol e quentura quase o ano inteiro. Entretanto, estudos já mostram que estamos tomando cada vez menos sol, trabalhamos em ambientes fechados, usamos protetor solar e, com a idade, a pele vai perdendo a capacidade de transformar os raios em vitamina D. Por isso, a suplementação, por via oral, intravenosa ou muscular, tem se disseminado. Nesse contexto, o grande impasse entre especialistas é: devemos ter índice de vitamina D dentro do preconizado pelas taxas laboratoriais ou temos de apresentar taxas consideradas “ótimas”, acima da média da população? A verdade é que os benefícios dessa substância são comprovados há décadas e ganham novas perspectivas dentro da medicina preventiva. Contraindicações existentes, como o excesso de cálcio no sangue, são claramente defendidas por alguns médicos e tidas como inexistente por outros.
RECOMENDAÇÃO
Níveis de vitamina D precisam estar acima do patamar laboratorial
Especialistas destacam que é preciso ter níveis ótimos de vitamina D, acima das taxas de referência laboratoriais. Quem faz uso da suplementação confirma benefícios
Sabata, seguiu as orientações da médica e fez suplementação de vitamina D durante a gestação da filha, hoje com 11 meses. “Eu já tinha lido a respeito, sabia da importância. Todas as vezes que fazia exame, a taxa estava no limite, entre 30 e 33 ng/ml (nanograma por ml de sangue)”, conta. Essa é a taxa mínima estabelecida pelas referências laboratoriais. Mas, para que Sabata tivesse gravidez com mais disposição e saúde, essa referência precisaria ser de aproximadamente 80 ng/ml.
“Comecei um pouco antes da gravidez e sabia que ela (a bebê) iria sugar muito de mim, por isso resolvi me fortalecer. Não tive cansaço, nem sono e nunca mais fiquei doente”, lembra Sabata. O obstetra desconfiou e, o pai, médico, logo disse que uma taxa maior de vitamina D no sangue poderia causar cálculo renal. “Mas ambos, quando começaram a ver os benefícios, tiveram outra percepção. Meu pai, hoje, também suplementa”, destaca.
Para a filha, Sabata diz que os benefícios também chegam. A criança toma polivitamínicos que têm vitamina D e, diariamente, fica exposta ao sol por alguns minutos. “Pensei que, se na gravidez ela aproveita tudo de mim, se eu oferecesse coisa boa, ela também teria. A criança é super esperta, ágil e inteligente”, conta.
Para a especialista que acompanha Sabata, a médica ortomolecular, os níveis laboratoriais para as taxas de vitamina D no sangue não são considerados necessários para oferecer saúde. “Para isso, precisamos ter níveis ótimos de vitamina D, que seria superior à normalidade, entre 70 e 100 ng/ml. No laboratório, o suficiente é entre 33 e 100, então quem tem 31 ng/ml nunca está igual a 99 ng/ml em termos de saúde”, explica. Ela acrescenta que as referências laboratoriais consideram a maioria da população como padrão. “E nem sempre a maioria está saudável”, frisa.
Suplementação
De acordo com Maryna, existem fontes alimentares que fornecem vitamina D, como peixes e, em especial, o óleo de fígado de bacalhau. Porém, elas não conseguem oferecer a quantidade ideal. “Em relação ao sol, por causa do efeito estufa e o buraco da camada de ozônio, as radiações se tornam mais cancerígenas. A suplementação é uma forma mais segura”, afirma. Essa suplementação, na maioria das vezes, é feita de forma oral. Como se trata de vitamina que se dissolve em meio oleoso, a indicação é que seja ingerida após as refeições com comidas ricas em gorduras boas.
“E deve ser feita de forma individual, porque a sensibilidade e absorção são diferentes”, alerta Maryna. Quando manipulados, ela associa ainda com a vitamina A, considerada importante para sensibilizar os receptores da vitamina D no corpo, com o magnésio e com a vitamina K2-MK7. “Nosso solo é pobre em vitaminas e minerais, sem contar os agrotóxicos e pesticidas. Por isso essa questão de deficiência de vitaminas é tão comum na população, mesmo em quem se alimenta bem”.
Superdosagem de vitamina D combate doenças autoimunes
O médico neurologista explica que a vitamina D atua em doenças desde a dengue até a aids. Nas autoimunes, sua atuação é ainda mais específica, o que justifica a superdosagem
“A primeira coisa que você precisa saber é que vitamina D nunca foi uma vitamina. Em algum momento se disse que ela seria transformada em hormônio, mas, na realidade, não se consegue classificá-la em nenhum grupo”, destaca o neurologista Cícero Coimbra. De acordo com ele, classicamente, os alunos de Medicina aprendem que a substância conhecida como vitamina D passa por duas transformações químicas para atingir a forma final que provoca os efeitos biológicos.
A primeira acontece no fígado e a segunda no rim, órgão que devolve a substância para a circulação sanguínea na forma ativa. Por isso, de acordo com o médico, a vitamina D seria considerada hormônio. “No efeito hormonal clássico, a vitamina D age no intestino, aumentando a absorção de cálcio e age no rim, diminuindo a excreção de cálcio. O que as pessoas não sabem é que essas transformações acontecem também no sistema nervoso, nos órgãos de reprodução, no sistema imunológico e na placenta”, detalha.
A maior fonte da conhecida vitamina D é o sol. Diante das descobertas sobre as multifunções que ela exerce no organismo, a suplementação é feita por meio de gotas. Especialistas divergem sobre indicações a pacientes.
Nunca o consumo de uma substância esteve tão em alta nos meios da saúde. Há quem atribua a ela a possibilidade de mudar a qualidade de vida mundial. Há também quem a considere apenas produto mercadológico. Fato é que a vitamina D — na verdade, quimicamente, ela nem é considerada vitamina — está no topo das discussões médicas. A substância é adquirida com a simples exposição ao sol. A suplementação pode ser indicada para quem quer mais disposição, para melhorar a imunidade, prevenir o câncer ou reduzir efeitos da esclerose múltipla. Entre outras patologias. A maioria das pessoas possui, na pele, um precursor da vitamina D. A substância adquire forma ativa quando em contato com raios ultravioletas. Por muito tempo, ela foi vista “apenas” como vitamina essencial aos ossos, por ser responsável pela absorção de cálcio no corpo. Mas, segundo especialistas, o fato de todas as células do organismo apresentarem receptores à vitamina D a faz comandar mais de 200 funções metabólicas e imunológicas. Essa “popularidade” orgânica é seu grande diferencial. “É uma substância ímpar. Essa é a molécula do século. Não creio que exista algo tão importante para a saúde humana do que essa substância. O que caracteriza uma tragédia para a saúde pública o fato de termos um grupo tão grande de pessoas com deficiência em vitamina D”, afirma o neurologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Referência nacional e na América Latina para tratamento de doenças autoimunes, ele usa superdosagens de vitamina D para ver os sintomas de seus pacientes regredirem. Apenas 10% de vitamina D podem ser encontrados em alimentos, o restante vem todo da exposição solar. Mas então pode-se supor: no Ceará, não é possível que haja carência dessa vitamina, afinal, temos sol e quentura quase o ano inteiro. Entretanto, estudos já mostram que estamos tomando cada vez menos sol, trabalhamos em ambientes fechados, usamos protetor solar e, com a idade, a pele vai perdendo a capacidade de transformar os raios em vitamina D. Por isso, a suplementação, por via oral, intravenosa ou muscular, tem se disseminado. Nesse contexto, o grande impasse entre especialistas é: devemos ter índice de vitamina D dentro do preconizado pelas taxas laboratoriais ou temos de apresentar taxas consideradas “ótimas”, acima da média da população? A verdade é que os benefícios dessa substância são comprovados há décadas e ganham novas perspectivas dentro da medicina preventiva. Contraindicações existentes, como o excesso de cálcio no sangue, são claramente defendidas por alguns médicos e tidas como inexistente por outros.
E nessa perspectiva, conforme o especialista, a vitamina D incide sobre diversas doenças, desde dengue a aids. Para confirmar a relação, Cícero aponta milhares de artigos acadêmicos internacionais. “A vitamina não é um imunosupressor, mas sim um imunoregulador. Quando você tem uma doença autoimunitária, o sistema imunológico executa um programa de atividades que ele não deveria, que é de agressão ao próprio organismo”, explica. Se esse “programa” agride a glândula tireóide, por exemplo, provoca a doença de Hashimoto; se agride as articulações provoca reumatóide; se agride os vasos sanguíneos causa o lúpus.
“A vitamina D suprime esse programa de agressão e, quando ativada no sistema imunológico, reage contra vírus e bactérias. Uma célula do sistema imunológico entra em contato com agente que pode produzir infecção. Mediante esse contato, a célula do sistema imunológico ativa a vitamina D, capta da circulação e a transforma na forma ativa. Essa forma ativa faz com que a própria célula que ativou produza as enzimas que atuam como antibiótico e antiviral para destruir os microorganismos”.
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