O percentual de cura de pessoas diagnosticadas com tuberculose diminuiu ao longo de seis anos no Ceará. De 2011 a 2016, houve redução mínima do número de incidência da doença e diminuição significativa de pessoas curadas. O levantamento foi divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Entre 2011 e 2015, a redução no percentual de cura foi de 18,5%.
De acordo com o boletim, em 2013, o índice de cura registrado no Estado foi de 70,3%. Em 2015, houve uma redução de mais de dez pontos percentuais e o índice chegou a 59,7%. No ano passado, os números, ainda preliminares, apontam percentual de cura de somente 21,5% das pessoas diagnosticadas. Segundo o documento, este último ano “retrata uma queda bastante significativa, mesmo se tratando de dados preliminares”.
Em relação aos dados de 2016, a assessora técnica da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, explica que o levantamento ainda não está encerrado devido ao tempo de tratamento de tuberculose. “Existe um prazo longo de cura, cerca de seis a sete meses, e não é possível ter o registro dos últimos meses de 2016”, detalha.
A assessora técnica afirma que a pasta tem observado a redução do índice e supõe que o fato tenha relação com o abandono do tratamento antes da conclusão do ciclo. “As pessoas iniciam acompanhamento na atenção primária e, quando começam a não ter os sintomas mais fortes, elas descontinuam o tratamento por conta própria”, afirma.
No Ceará, o número de casos novos de tuberculose caiu. Em 2011, foram diagnosticados 3.653 casos novos de tuberculose. Em 2016, foram 3.341. O boletim mostra que 165 municípios cearenses (90% do Estado) confirmaram casos de tuberculose nos últimos três anos.
Taxa de abandono
No período de 2011 a 2015, a taxa de abandono do tratamento manteve-se alta: 11,6%, em média. No ano de 2016, o número registrado foi de 4,3%. No entanto, a assessora explica que o valor, que é abaixo da média, também se dá devido à não finalização dos casos. De acordo com o boletim, o ideal é que o abandono seja zero, mas o Ministério da Saúde considera até 5% aceitável.
Mesmo com redução do índice de cura e aumento do abandono do tratamento, os números mostram que não houve aumento de mortes. Apesar de instabilidade entre os anos, o percentual de casos de óbito passou de 2,8 para cada grupo de 100 mil habitantes para 2,3 para cada grupo com 100 mil habitantes, em 2015.
“A tuberculose é acompanhada de acordo com notificações compulsórias. Nós acompanhamos com comitês de avaliação dos pacientes, reuniões periódicas nas sedes de atenção básica, o estreitamento dos laços com quem está na ponta do atendimento e sensibilização dos gestores dos municípios sobre essa doença, que tem diagnóstico e cura gratuitos”.
Números
18,5% é o percentual da redução de cura de tuberculose entre 2011 e 2015, no Ceará
3.341 novos casos de tuberculose foram registrados no ano passado no Ceará
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. No Brasil, a cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,5 mil mortes em decorrência da doença.
A transmissão acontece pela tosse, espirro e até pela fala das pessoas com a doença no pulmão ou na garganta. A pessoa sadia respira o ar contaminado com o bacilo, que sobrevive no ambiente por várias horas. Assim, as pessoas que ficam mais tempo em ambientes fechados com um doente são as que têm mais chance de adquirir a infecção.
O controle a forma de controlar a doença é tratar as pessoas com tuberculose para que elas deixem de lançar bacilos no meio ambiente. Cada pessoa com tuberculose pulmonar é capaz de transmitir a infecção a outras 10 a 15 pessoas e, dessas, uma ou duas adoecerão nos próximos dois anos.
O tratamento é ofertado somente no Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, é gratuito. A duração é de, no mínimo, seis meses, com uso de medicamentos diários. Depois de iniciado o tratamento, em 15 a 30 dias, a maioria dos pacientes deixa de transmitir a doença. Sendo assim, quanto mais cedo é feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, menos transmissão acontecerá. O exame para o diagnóstico de tuberculose pulmonar é feito em duas amostras de escarro.
O principal sintoma da tuberculose é a tosse (seca ou produtiva). Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório (pessoa com tosse por três semanas ou mais) procure um médico para diagnóstico. A maioria das pessoas tossidoras crônicas tem outras doenças; no entanto, pode também ter tuberculose. O retardo no diagnóstico piora a evolução da doença e mantém a fonte de infecção.
Há outros sinais e sintomas, além da tosse, que podem estar presentes nas pessoas doentes, tais como febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço/fadiga.
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